Houve um dia na minha vida em que perdi um amigo.
Há quase dois anos, num dia quente, num Agosto que só teria ondas do mar, chegou uma onda que levou tudo o que ainda não tinha vivido com ele.
Nesse dia pensei em todos os momentos que passámos juntos, revivendo a alegria que foi fazermos parte dos mesmos caminhos, termos escolhido tantas vezes os mesmo atalhos e as mesmas vias. Tentei lembrar-me de como e porquê nos cruzámos, o que realmente une as pessoas e o que faz com que algumas nunca mais se "descruzam". Fiz o mapa das minhas amizades tentado perceber a origem de cada uma delas, sentindo que não queria perder nenhuma. Mesmo as interrompidas por qualquer circunstância da vida, por qualquer mal entendido, por culpa minha, por culpa do cosmos, não queria perder nenhuma. Todas juntas, somando tudo o que vivi com cada uma, o que aprendi e fui ensinado, tudo somado dava "eu". Perdendo uma parte desta teia, perdia uma parte de mim.
Nos dias seguintes ao dia trágico chorei...ainda hoje choro. Chorei com medo do que seria uma parte da minha vida sem aquele companheiro. Chorei pelas saudades que sentia e antevendo as que estariam para vir. Chorei por imaginar tudo o que ele já não viveria. E sorri, e ainda hoje sorrio, por saber que ele me segurou tantas vezes, por sentir que viveu aquela vida cheia.
Aquela perda mudou em mim a certeza de uma vida longa. Abriu a possibilidade de que nem todos têm filhos e netos. Mostrou-me a importância de cada uma das linhas que nos ligam aos outros. Em mim cresceu a convicção de que sermos mais hoje, darmos mais hoje, é a garantia de que viveremos melhor.
Aprendi com o Nuno (assim se chama) que é possível ser feliz em quase tudo o que se faz na vida. Aprendi que o sorriso é a grande arma. Aprendi que a simplicidade pode estar na confusão e que o certo é tudo aquilo que nos faz bem.
Desejo ardentemente que ele esteja em qualquer lugar, para além dos nossos corações, porque é mais fácil encarar. Estará? Sim.
Esta é uma singela homenagem a tudo o que me deu, às saudades que sinto nos dias de montanha e à teia de amigos que deixou, que é gigantesca. Mas é principalmente a necessidade de lembrar a importância dos que estão à nossa volta, a importância de cuidar dos nossos.
Houve um dia na minha vida em que perdi um amigo, que vive em todos os que tocou!
Maravilhosa homenagem.
ResponderEliminarParabéns a este grande amigo do Nuno.
Amigos destes, hoje em dia, penso que haverá já bpoucos.
Apesar de não conhecer, desejo as maiores felicidades.
Um amigo sem fim!
ResponderEliminarHoje lembrei-me do Nuno e vim dar a este texto, que traduz tudo o que ele era e é, para quem o conheceu. Viva o Nuno!
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